O setor de petróleo e os negócios ligados ao pré-sal, em particular, prometem ser uma mina de ouro para as seguradoras. A Shell acaba de fechar um mega-apólice de US$ 1,5 bilhão para a cobertura de toda a sua produção e extração do produto no país, em terra e no mar. No setor, o contrato só perde para a Petrobras, dona hoje do maior seguro do Brasil.
O contrato protege todos os blocos de produção da petroleira holandesa no país, como os da Bacia de Campos, de Santos e do Espírito Santo. Também inclui um navio plataforma e a distribuição de combustível para aviões em 50 aeroportos brasileiros.
Para colocar a apólice na praça, a Shell fez há algumas semanas reuniões individuais com as principais seguradoras que atuam com grandes riscos para o setor de petróleo. A Allianz Seguros foi a vencedora.
O contrato será para o período 2009/2010 e cobre riscos patrimoniais e responsabilidade civil (danos causados a terceiros). Por questões contratuais, o valor do prêmio não foi revelado.
A própria seguradora cativa do grupo Shell, a Solen Versicherungen ficou com todo o resseguro (uma espécie de seguro do seguro, feito para diluir riscos). Na estratégia montada, a Solen, com sede na Suíça, primeiro retém todo o risco e depois repassa parte dele a um "pool" de resseguradoras no mercado. No setor de petróleo, há dois centros mundiais que concentram as resseguradoras que atuam no segmento, um em Londres e outro em Houston (EUA).
Ângelo Colombo, diretor de grandes riscos da Allianz, avalia que a própria apólice da Shell é um indício dos negócios bilionários que virão por aí. "Pela primeira vez, os contratos de resseguro do setor estão sendo traduzidos para o português. O Brasil não tinha experiência nenhuma na área. Mas como será um produtor de petróleo, isso está mudando", diz ele. A apólice da Shell foi toda desenhada por técnicos brasileiros. "Isso era uma coisa impensável há alguns anos."
A própria petroleira, prevendo mais negócios no futuro, resolveu trazer sua resseguradora ao país. Segundo uma fonte do setor, vai pedir licença à Superintendência de Seguros Privados (Susep) que a Solen opere localmente.
A Shell foi a primeira empresa estrangeira a participar da extração de petróleo no Brasil. Em boa parte dos campos atua em parceria com a Petrobras. No ano passado, ganhou a concessão para atuar na Bacia de São Francisco (MG), na qual todo o investimento será da Shell.
Os investimentos ligados ao pré-sal devem movimentar bilhões de dólares. Só a Petrobras estima que precisa gastar US$ 111 bilhões para extrair o óleo de um lugar tão profundo.
Tudo isso pode se reverter em prêmios polpudos para o setor de seguros. Colombo, da Allianz, avalia que o maior desafio para as seguradoras e resseguradoras será calcular o risco e as taxas para um tipo de exploração novo, que não existe em outro lugar do mundo e que vai exigir equipamentos e técnicas diferenciadas.
Várias petroleiras estrangeiras, como a francesa Total, e a Petoro, a estatal norueguesa, anunciaram que querem participar desse mercado. A própria Shell também vai participar. No ano passado, por conta dos investimentos em petróleo, fechou uma apólice de US$ 1 bilhão para a construção de uma plataforma na Bacia de Campos (a BC-10). A apólice ficou com o Itaú XL.
O maior contrato de seguro no setor de petróleo no país é o da Petrobras, atualmente com o Itaú. São US$ 40 bilhões de ativos cobertos (incluindo plataformas marítimas, refinarias, responsabilidade civil e transporte de produto).(Fonte: Valor Econômico/Altamiro Silva Júnior, de São Paulo)
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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