Um conto de Natal… Jurídico! (Conto de Charles Dickens adaptado por Gustavo Rocha)
Era uma vez um advogado que vivia em um mundo que achava ideal:
Peticionava, tinha alguns clientes e sua preocupação era estar mais
próximo do judiciário e ganhar causas.
Tinha uma vida estável, confortável e pensava que nada e nunca isto iria mudar.
Sempre tratou a todos com o máximo de orgulho e vaidade, pois ao seu
ver, todos deveriam perceber que ele era o dono da razão, o dono da
verdade, o profundo conhecedor do universo jurídico!
Na véspera de Natal, eis que o inabalável senhor da verdade está sozinho em sua mansão, pensando em como irá resolver mais um causo,
quando ouve um barulho enorme… Então, lhe aparece a figura de seu sócio
já falecido, cheio de amarras… Não correntes, mas aquelas presilhas de
processos furando seu corpo e amarrado com os elásticos ainda escritos
TJRS e TRT 4 Região…
Apavorado, o advogado vaidoso pergunta: Sócio! O que houve com você?
Eis que o sócio responde: Eu vivi para os processos, meu sócio… Vivi
num mundo onde apenas os elásticos dos processos eram o meu universo,
quanto mais elásticos eu ficava e devolvia os processos sem eles, mais
eu me achava rico e feliz… (quem nunca fez isto, não é mesmo?) e pensava
que era feliz porque ganhava honorários de 50% em cima de clientes
humildes e dos ricos não conseguia cobrar mais de 15%… Por isto, sou
hoje furado pelas presilhas dos processos que tanto cultivei em minha
existencia terrena…
E o que você quer de mim, sócio?, questionou apavorado, o advogado rabulado em sovinice….
Vim te dar uma chance de se redimir dos furtos, quiçá apropriação
indébita dos elásticos dos tribunais e da sua forma de viver… Você terá a
visita de 3 espíritos… Não são o juiz, o promotor e o advogado da parte
contrária, fique tranquilo….
Um será do passado, outro do presente e outro do futuro… A cada
badalada do relógio, um estará contigo… Aproveite esta oportunidade… Eu
não posso mais, não aguento mais estes elásticos vagabundos arrebentando
em minhas mãos… Nem ter o corpo perfurado por estas presilhas…
Aproveite… Aproveite…
E assim, o outro sócio saiu pela janela voando e sofrendo com seus elásticos e presilhas…
O advogado orgulhoso de seus feitos ainda reticente pensou: Deve ser
loucura… Aquele whisky do final de tarde devia estar batizado pelo
estagiário…
Então, bate o relógio… Do nada, numa fumaça branca aparece um
espírito que diz com uma voz cavernosa: Eu sou o espírito do advogado do
passado… Vim aqui para te mostrar um tempo que já passou… Então, pegou o
advogado cheio de soberba e voou pela janela, lhe levando no tempo ao
passado… Mostrou os processos unicamente em papel, as presilhas e os
elásticos que desde estagiários ele se apropriava… Mostrou que houve um
tempo de preocupação com ideais de justiça e cidadania e que com o tempo
estes ideiais se foram… Deram lugar a números e mais números…
O advogado ficou assustado em voltar para a sua mansão depois de ver
um passado que para ele parecia presente… Ele ainda se orgulhava de ter
sua máquina de escrever… Se orgulhava de não usar computador… Se
orgulhava de pagar pouco e querer muito dos colaboradores… Como isto
pode ser o passado se eu vivo ainda assim?, pensou ele.
Ainda sem pensar direito, toca novamente o relógio… São duas
badaladas… Então aparece um outro fantasma, desta vez de vermelho (cor
do advogado e não do papai noel, tá?) e diz, vamos dar uma volta… Então,
leva o advogado antiquado para ver a realidade do processo eletrônico,
da digitalização de documentos, certificação digital… Leva ele para
conhecer a gestão e a tecnologia na área jurídica… Ele fica atônito… Não
entende como isto pode fazer a diferença, já que ele ainda vive noutro
tempo…
Então, mais rápido que a luz, ele retorna ao seu quarto da mansão…
Então pensa: Será que realmente preciso de gestão e tecnologia?
Mal consegue formular a pergunta e uma nuvem preta aporta em seu
quarto e com uma mão grande aponta para a janela… O advogado sovina
entende e vai ver o que o terceiro espírito quer lhe mostrar…
Ele se depara com um judiciário totalmente informatizado, com números
e mais números ditando a gestão, infelizmente sem tantos números assim
para a prestação jurisdicional da justiça, mas com números de
atendimentos e resultados (???) práticos obtidos… Vê a advocacia cada
vez mais eletronica e voltada aos processos coletivos, já que as súmulas
vinculantes e outras regras prendem aquilo que se chamava de advocacia
tradicional…
E, num passe de mágica, vê morto… Não o advogado, mas o escritório dele… Fechado, as moscas…
Assim, vendo aquela cena funesta ele compreende: Se não mudar agora,
no presente, aproveitando a experiencia que adquiri no passado, meu
futuro não existirá!
Preciso mudar! Hoje! Agora!
Ele acorda no seu quarto… É dia 24 de Dezembro… Ele decide que vai
mudar, que vai inserir mais gestão, mais profissionalismo, mais planos
de carreira, planejamento estratégico, mais tecnologia e trabalhar com
foco nas pessoas para que os resultados possam ser completos… Vai
trabalhar para ser menos arrogante e mais disponível, tanto com
colaboradores como clientes… Vai compreender que é dividindo lucros que
multiplicam-se resultados…
Ele vai fazer tudo isto… Mas, não hoje, porque é véspera de Natal e
ninguém trabalha… Dia 26 para alguns colaboradores, dia 7 de Janeiro
para outros ou no retorno das férias para outros ainda (não esquecamos
que férias para advogados é no recesso) ele vai aplicar tudo que
aprendeu em 3 badaladas…
E você, o que aprendeu disto tudo?
Nem todos teremos a chance deste advogado… Vamos mudar já!
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Que o espírito de Natal abençoe você de uma forma indelével deixando bondade, amor, carinho e muita paz na sua vida.
Um 2013 recheado de mudança, gestão, tecnologia e amor, pois o trabalho é o amor tornado visível já disse Khalil Gibran.
Que seus sonhos sejam realidade e possa ser o melhor de ti mesmo todos os dias.
Votos sinceros e fraternos! Muita saúde, força e união!
Até 2013, então…
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Artigo escrito por Gustavo Rocha – Sócio da Consultoria GestaoAdvBr
www.gestao.adv.br | gustavo@gestao.adv.br
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
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